Com 19 variações da ave presentes na fauna brasileira, o guia do sabiá tem o intuito de te ajudar a descobrir mais sobre a espécie que encanta pelo colorido e canto.
Ao redor do mundo são 176 variações de aves que constituem o grupo da espécie, portanto, o Brasil é um país bastante privilegiado pela variedade de tipos de sabiás em nossa fauna.
Quem é apaixonado pela ave pode contar com o guia do sabiá para que entenda mais detalhes sobre a espécie, crie a ave com cuidado e possa ter seu canto alegrando os dias. Confira tudo a seguir
Thales Lopes Júnior do Criatório Santa Anna é um criador profissional de sabiás, que foi consultado para compor nosso guia sobre as espécies. Ele relata diferentes experiências ao longo da criação de sabiás no Brasil,
O profissional aponta que teve as melhores Sabiás da Mata do Brasil, chegando a pagar R$25 mil em uma sabiá chamada “Gogó D´Ouro”.
Além de ter sido dono do Mestre Vitória entre outros, pássaros que tem o gogó perfeito cantam com harmonia e suavidade. E também nutre uma paixão pelo Sabiá-Laranjeira e pelo Sabiá-Coleira.
Durante a carreira na criação também teve o Beethoven e o Choppin, sabiás-coleira com canto pianado e harpa de ida e volta (flauta, piano e harpa), completo …“tive diversos pássaros maravilhosos. Ultimamente eu estou com o Dó Maior sabiá laranjeira com o canto Piedade Senhor e tenho conseguido bastante resultado com os filhotes”.
“Só não tive resultado como sabiá da mata por conta da valentia das fêmeas, eu perdi 6 machos nos últimos anos. Atualmente eu tenho 9 fêmeas e 1 único macho e é complicado. A sabiá se irrita e vai lá e mata o macho, por isso, é bem difícil mexer com o sabiá-da-mata”.
Na carreira Thales também relata que o sabiá-laranjeira é o mais dócil de todos e que tem um canto maravilhoso que não se compara com nenhuma outra espécie.
Sabiá da Mata – fonte: Unsplash
Como deve ter percebido pelo relato do criador, no Brasil são encontrados diferentes tipos de sabiás, tais como:
Cada ave tem suas próprias características e cantos, o que chama a atenção por causa da significativa variedade de espécies em território nacional.
Um sabiá bem alimentado e que toma um pouco de sol diariamente, com banho frequente, condições de qualidade de vida e que pode voar um pouco em um viveiro consegue chegar a uns 20 a 25 anos de idade com facilidade.
Todavia, o criador alerta que a doença conhecida como “Gota Serena” (catarata) é comum nos sabiás e acomete as aves entre os 10 e 15 anos de vida. “Existe algo na alimentação que ainda não foi descoberto que causa essa catarata nas aves”.
Quando Thales criou o Gogó D’Ouro, ele relata que chegou a investir R$8 mil na cirurgia para reverter o problema da ave. Todavia, não tinha uma lente para colocar no cristalino da ave, substituindo o opaco que foi removido e isso causou a morte da ave.
Portanto, é um problema frequente e que acaba diminuindo a vida da ave junto ao seu criador.
Thales relata que utiliza uma técnica que dá muito resultado ao longo dos últimos anos, que é retirar o sabiá da mãe com 5 dias, colocar a anilha e criar na mão.
Para tal ele utiliza a ração Royal Canin (aqui vale a pena destacar que se trata de uma ração para cachorro) que é mais cara, mas bastante nutritiva. Por ser um filhote, Thales bate a ração no liquidificador, passe na peneira duas vezes para garantir que vire um pó, depois mistura com a extrusada Nativos 500g ou a extrusada Nativos 5Kg, ( formando uma papinha com água.
A papinha é colocada na seringa e usada para alimentar os filhotes. Dessa forma, nenhum sabiá morre durante o processo. E o melhor de tudo: eles ficam dóceis. Quando o sabiá filhote é criado pela mãe ele fica arisco, exatamente como ocorre com a ave que é criada solta.
Por isso, a técnica tem sido tão eficaz em amansar a ave de forma humanizada e ainda garantir a sobrevivência de todos os sabiás que nascem em cativeiro.
Para a alimentação de filhotes de sabiá, o criador aconselha fornecer nos primeiros dias para a mãe, uma farinhada com ovo cozido, a ração Nativos e minhoca californiana. Caso não tenha minhoca disponível no mercado, ele opta por oferecer tenébrio. (você também pode optar pela farinha de minhoca).
Alimentando a ave mãe o criador está consequentemente alimentando o filhote. A partir de 5 dias do filhote ele é retirado da mãe para ser criado na mão, o que faz com que seja necessário mudar a estratégia de alimentação como já foi dito anteriormente.
É muito comum que sabiás sejam encontrados fora do ninho por causa de ataques de outros animais, como o gavião, cobras e até mesmo formigas.
No caso de encontrar uma ave no chão, Thales orienta que é preciso aquecer o sabiá, colocando num pano em local aquecido. Colocar a ave próxima de uma lâmpada acesa é uma boa ideia para o aquecimento ser eficiente.
Além disso, é preciso oferecer comida para ajudar a salvar a ave. Quem não tem alimentos próprios em casa pode bater até ração de cachorro no liquidificador por ser proteica, misturando com comida de criança como farinha láctea ou Nestogeno para fazer uma papinha adicionando um pouco de água.
O objetivo é que a papinha fique mole e possa ser colocada no bico do filhote. Se tiver uma seringa para dar a papinha é melhor, mas caso não tenha é possível oferecer com uma paleta de madeira ou o cabo de uma colher de café.
Uma vez protegido, alimentado e aquecido, é importante entregar o filhote para algum órgão ambiental para que seja solto na natureza em um momento em que ele estiver mais independente. Procurando o Ibama ou órgãos de proteção ambiental em sua cidade é possível garantir que a ave seja solta com segurança.
Os custos de compra e criação de sabiás varia de acordo com a facilidade de criação e tipo da ave. Portanto, são valores bastante variáveis, o preço de um filhote sabiá-laranjeira macho é aproximadamente R$3 mil enquanto a fêmea é R$1 mil.
Já o sabiá-coleira que é um pássaro diferenciado e que apresenta maior dificuldade de criação custa R$5 mil o macho e R$2,5 mil a fêmea.
O sabiá-da-mata é uma ave que fica na faixa de R$3 mil o macho e R$1 mil a fêmea. Todavia, são valores que variam de acordo com o local onde a pessoa está buscando a ave legalizada.
Outro ponto de significativa importância é que será necessário comprar gaiola, acessórios e alimentos adequados para sua ave. No dia a dia, a consulta com veterinário especializado também é um outro custo que precisa ser avaliado.
Os valores sempre variam de acordo com o local de sua compra. A ração extrusada, por exemplo, tem preço médio de R$71,90 em embalagem de 5 quilos.
Portanto, vale a pena analisar se os cuidados com a ave estão dentro de sua faixa orçamentária, para que possa comprar a ave ciente de todos os custos envolvidos na criação.
Visualmente falando não há diferença significativa entre macho ou fêmea. Por isso mesmo, a maneira de identificar é quando a ave canta, indicando que é macho.
Em alguns casos é utilizado o exame de sexagem (DNA) através da pena ou sangue para identificar os cromossomos e saber o sexo do pássaro. Existem muitos mitos sobre as características diferentes entre aves macho e fêmea, mas Thales aponta que nos 23 anos de criação até hoje não conseguiu comprovar tais apontamentos de características físicas.
Portanto, o profissional indica aguardar até a ave cantar ou fazer a sexagem que requer mais investimento, mas gera um resultado assertivo.
É importante saber que os filhotes de sabiá começam a soltar as primeiras notas a partir do quinto ou sexto mês de vida. Todavia, não é indicado interferir no processo, quanto menos mexer com a ave, melhor.
Durante essa fase do filhote é interessante encapar a gaiola, manter o sabiá num canto escuro e colocar um CD de canto para que a ave possa aprender aquele canto.
Thales comenta que na fase em que o sabiá tem entre um ano e um ano e meio, ele já estará com o canto aberto, permitindo que o criador coloque a ave para fora e tenha maior interação com o sabiá.
Entre os criadores, usamos o termo “apontar” que é quando a ave cria coragem, fica valente e o canto começa a sair mais. É natural que seja necessário ao menos um ano a um ano e meio para que a ave realmente comece a demonstrar seu canto.
A criação de sabiás possui uma série de desafios que são inerentes ao cuidado das aves. No entanto, Thales comenta que o maior desafio é formar um casal.
Por isso mesmo, ele dá como dica: assim que conseguir formar, não separe! Dessa forma, é possível evitar problemas com a formação de casais.
Além disso, ele também indica não ter muitos casais da mesma espécie. Também podemos citar como grande desafio na criação da espécie os problemas de saúde, como a gota serena, que acaba encurtando a vida da ave.
Muito embora não se saiba ao certo como evitar o problema, é importante oferecer uma nutrição de qualidade e acompanhamento veterinário para que sua ave tenha uma sobrevida maior, evitando o adoecimento.
O ideal para a criação de sabiás é o viveiro, Thales aponta como um bom viveiro com as seguintes medidas: 2 metros de comprimento, 2 metros de largura e 3 metros de altura, para ter sucesso na procriação dos sabiás.
Ele ainda indica colocar areia lavada de rio no chão do viveiro. Ter uma caixa de plástico com terra preta é útil para ter as minhocas, visando que sua ave possa ciscar.
Outra dica útil é ter uma caixa com barro, para que a ave possa fazer seu ninho. É útil nesses casos, que o criador disponibilize raízes e palha de bananeira para que a ave possa montar seu próprio ninho.
É muito comum a crença de que a alimentação interfere no canto da ave. Todavia, isso não existe. Thales indica oferecer uma ração boa, tipo a Nativos, colocar uma banana, uma laranja, e dar condições ideais para o pássaro viver, como o caso do banho diário.
O pássaro que tem boas condições se sente feliz e retribui cantando. Em resumo, é importante cuidar da ave não só oferecendo ótima nutrição, como também, boas condições de vida no geral.
Para encerrar nosso guia do sabiá, não poderíamos deixar de pedir conselhos de quem cria sabiás ao longo dos últimos 28 anos.
Afinal, são valiosas informações de um especialista na espécie. Thales nos contou que a primeira e mais importante informação para uma pessoa que pretende criar aves é a origem do sabiá em questão. Uma vez que, a ave precisa ser legalizada e é possível identificar pela anilha.
Como o sabiá é um pássaro grande, ele só pode ser anilhado enquanto filhote dado o limite que é de 4.0mm.
Um criador mal-intencionado, que comercializa aves já adultas que foram indevidamente capturadas na natureza, que é uma prática ilegal, só conseguirá fazer isso adulterando a anilha. É importante ressaltar que uma boa parte do comercio de Trinca Ferros e Sabiás no Brasil é ilegal usando anilhas adulteradas.
Portanto, fica o conselho valioso de sempre procurar um criadouro sério com registros no IBAMA e no órgão ambiental do seu estado, em que se consiga comprovar a origem dos seus pássaros que foram criados e anilhados em criadouros comerciais.
Criar sabiás é uma delícia, mas é necessário seguir todas as normas vigentes para evitar problemas. Aproveite o nosso guia do sabiá para utilizar as dicas em sua criação e ter aves saudáveis e bem cuidadas.
Este guia foi revisado por Thales Lopes Júnior, fundador do Criadouro Santa Anna em Maricá – RJ.
Contato por WhatsApp: (21) 99935-1500
Site: https://criadouro-santa-anna.com.br/
Instagram: https://www.instagram.com/criadouro_santa_anna.
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