Periquito inglês: saiba mais sobre essa ave incrivelmente bela

Autor: Flávia Carolina – Tempo de leitura: 10 minutos

Você conhece o periquito inglês ou já pensou em ter uma bela ave como essa em casa? Exuberante, esse passarinho pode ser um grande companheiro quando o assunto é ter uma ave de estimação, mas também faz muito sucesso no campo da criação, seja ela por hobby, para vendas, ou com foco em exposições.

Contudo, é preciso ter alguns cuidados para manejar esses animais e, assim, proporcionar a eles uma boa qualidade de vida. Ah! E não deixe de ter cautela para não causar confusão com o periquito australiano, hein?! Apesar de serem parecidas, essas espécies têm algumas características bem singulares.

Então vem com a gente para ficar por dentro do que precisa saber sobre o periquito inglês, desde o comportamento, a alimentação, saúde até a montagem de um espaço bem legal para ele.

Criadouro KP

Características do periquito inglês

Tão importante quanto saber criar é saber diferenciar a espécie. A tal semelhança com o periquito australiano não é pura coincidência, não. Foi esse passarinho que ajudou a originar o padrão inglês, desenvolvido em cativeiro a partir de mutações genéticas.

Ele também é maior do que os 18 centímetros do seu “irmão”. “O periquito inglês tem uma faixa de tamanho em torno dos 21, 23 centímetros”, conta Kleber Peixoto. Porém, o veterinário revela que em seu criadouro já teve aves de 29 centímetros.

Outro detalhe é a plumagem desse psitacídeo. “As penas da cabeça, conhecidas como coroa, precisam ter a forma de um leque”, diz. O corpo do periquito originário da Europa também é mais robusto justamente pela maior quantidade de penas que o cobre até a cauda, sendo uma característica importante para as exposições.

“Precisa ser largo e sem pescoço”, brinca o profissional, que participa de duas grandes exibições da variedade no Brasil: “POA Nordeste” e “APCPA – Associação Paulista de Criadores de Periquitos Australianos”. Há ainda o colar que envolve o pescoço, geralmente mais cheio.

Ele tem pernas com tarsos curtos e quatro dedos oponíveis ótimos para agarrar alimentos, poleiros e auxiliar na locomoção. Por serem mais pesados, os animais dessa variedade, inclusive, são menos agitados do que os australianos. Mas isso não faz com que eles sejam dóceis. Vai depender do modo da criação.

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Como criar?

Planejamento! Parece algo clichê, mas é necessário, tanto à pessoa que pensa em ter apenas um passarinho quanto àquela que imagina ser responsável por um criadouro. E é por isso que o espaço deve ser levado em conta.

Abrindo um criadouro

Segundo Dr. Kleber, “o problema do iniciante é se empolgar e sair comprando”. Como ele alerta, o periquito inglês se reproduz muito, o ano todo, e rapidamente. Sem controle, a animação pode virar dor de cabeça.

“A pessoa iniciante [na criação] vê aqueles bichos lindos e vai comprando, mas não tem o conhecimento de manejo sanitário, não tem espaço suficiente. Aí o dinheiro vai embora e a pessoa desiste”, pontua, reforçando quatro pontos:

• Determinar uma estação para a reprodução (a de Kleber vai de fevereiro até outubro, baseada nas exposições que participa e na disponibilidade de tempo que tem para cuidado);
• Onde colocar os pássaros;
• Quantos animais poderiam ser colocados no espaço;
• Prioridade para gaiolas novas ou seminovas, evitando possíveis doenças.

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Escolhendo as gaiolas

Para a criação dessa variedade, gaiolas de madeira não são recomendadas por ser um material que o animal bica facilmente. Além disso, o espaço entre as grades deve ter, em média, 15 milímetros, pequeno o suficiente para o pássaro não escapar.

No mercado há diversos modelos de gaiolas e viveiros, produzidos em aço, com malhas de arame, de tamanhos variados.

Uma boa gaiola para o periquito inglês também deve conter comedouro e bebedouro para pássaros. Se a intenção for montar um criadouro, não se esqueça dos ninhos. Caso o pássaro seja um pet, invista em brinquedos e acessórios que o divirta.

Alimentação

A alimentação deve ser nutritiva e balanceada. “É uma ave delicada, que adoece mais facilmente e necessita de uma nutrição maior. E quanto mais robusta, mais exigente é o manejo”, lembra o veterinário.

 

Ele explica que o alimento extrusado (um processo de cozimento industrial de um conjunto de ingredientes diversos, moídos e misturados de maneira homogênea, que sofrem a ação de altas temperaturas, pressão e umidade) não é indicado ao periquito inglês. A ave gosta de sementes.

 

“Eu faço, geralmente, uma mistura de alpiste e painço, meio a meio, e dou uma farinhada [ração suplementar] seca para os meus pássaros. Coloco também um pouco de niger”, explica.

 

Consulte um veterinário para ter em mãos uma lista de todos os alimentos liberados para o consumo, que podem ser encontrados em uma pet store especializada em pássaros.

 

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Preço para venda

O valor cobrado por cada pássaro vai depender do criador. O preço pode começar em R$ 200 e ultrapassar os mil reais. Normalmente, paga-se mais barato quando o criadouro é iniciante, como foi o caso de Kleber Peixoto. No começo ele vendia as aves por R$ 60, R$ 70.

A média de vendas dele é de 120 a 150 aves no ano. Em 2020, o valor era de R$ 280. Já em 2021 foi maior, na faixa dos R$ 315.

Lembre-se que é essencial adquirir o periquito de um vendedor autorizado pelo IBAMA. Por não ser uma espécie nativa do Brasil, ele é considerado exótico e passa por fiscalização para não prejudicar o habitat de outras aves brasileiras. Todavia, o anilhamento não é obrigatório para a espécie.

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As cores e a genética

Famoso por ser colorido, essa espécie passa por mutações genéticas que garantem um leque de possibilidades à coloração. De forma simplificada, isso acontece por meio da interação gênica, ou seja, quando dois ou mais genes interagem e controlam apenas uma característica. 

Entretanto, tais genes não necessariamente precisam estar no mesmo cromossomo. A cor da pele dos humanos é um exemplo disso.

Peixoto detalha as três maneiras para realizar as mutações e as cores que podem ser obtidas, como mostrado na tabela abaixo:

Lembrando que tanto macho quanto fêmea podem ser portadores do gene recessivo. Na questão do sexo, diferentemente do ser humano, somente o macho é o portador do gene. Possui cromossomos iguais (WW), enquanto a fêmea possui cromossomos diferentes (WZ).

Bem estar para reproduzir

“Precisa de saúde porque bicho saudável cria! Tem animal saudável e que não bota os ovos? Sim! Mas é exceção”, diz Kleber, enfático. Esse cuidado reflete na produção.

Ter uma rotina de higienização das gaiolas e viveiros é essencial, bem como a troca da água dos bebedouros e dos alimentos nos comedouros. Indo além, ele realiza dois exames preventivos no ano a partir das fezes colhidas no plantel, sendo um deles após a estação de reprodução.

Posteriormente, ele faz uma mistura de vitamina E com B12 e cálcio, a coloca nas águas dos pássaros por cerca de 12 dias e, na sequência, coloca os ninhos.

Doenças

Monitorar o plantel por meio de exames pode prevenir que as aves fiquem doentes e auxiliar no tratamento de uma eventual irregularidade. Algumas das doenças que podem ocorrer são:

• Salmonella;
• Micoplasmose, que afeta o trato respiratório;
• Coccidiose, que ataca o intestino e prejudica a produção;
• Muda Francesa, um vírus (poliomavírus e circovírus) cujo principal sintoma é a perda de penas.

E mantenha os olhos bem abertos para a clamídia! Essa bactéria pode ser transmitida ao ser humano, causando uma grave pneumonia, e aos outros pássaros da criação.

O veterinário admite que fecharia o criadouro se descobrisse essa infecção, pois seria caso de zoonoses. Ele trataria a ave e a doaria para ser cuidada como um animal de estimação, apenas. “O tratamento é pesado, de 40 a 50 dias. Depois precisa refazer o exame para saber se o pássaro foi curado.”

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Artigo revisado pelo Prof. Dr. Kleber da Cunha Peixoto Jr, veterinário e especialista em nutrição, reprodução e melhoramento genético de bovinos, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais. Apaixonou-se pelo universo das aves, em especial o periquito inglês, e é o responsável pelo “Criadouro KP”.

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